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Comunicado do Copom

O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,4% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência (Tabela 1).

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Tabela 1 - Projeções de inflação no cenário de referência

Índice de preços 2025 2026 2º tri 2027
IPCA 4,4% 3,5% 3,2%
IPCA livres 4,0% 3,6% 3,2%
IPCA administrados 5,3% 3,2% 3,4%
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Pontos cruciais do comunicado do Copom

Cenário externo e doméstico

O Copom destaca elevada incerteza internacional (política econômica dos EUA e tensões geopolíticas) com reflexos nas condições financeiras globais. No Brasil, há moderação do crescimento (PIB recente) com mercado de trabalho resiliente; a inflação cheia e subjacentes arrefeceram, mas seguem acima da meta.

Expectativas e projeções de inflação

  • Focus: 2025 em 4,4% e 2026 em 4,2%, ambos acima da meta.
  • Horizonte relevante: Projeção do Copom para o 2º tri de 2027 em 3,2% (cenário de referência).

Balanço de riscos para a inflação

  • Riscos de alta: Desancoragem prolongada das expectativas; resiliência maior em serviços por hiato do produto mais positivo; combinação de políticas interna/externa elevando a inflação (ex.: câmbio mais depreciado).
  • Riscos de baixa: Desaceleração doméstica mais forte; desaceleração global por choque de comércio e incerteza; queda de commodities com efeitos desinflacionários.

Fatores de cautela adicional

  • Tarifas dos EUA ao Brasil: Comitê acompanha potenciais impactos.
  • Política fiscal doméstica: Monitoramento dos efeitos sobre política monetária e ativos financeiros.
  • Leitura do cenário: Expectativas desancoradas, inflação projetada elevada, atividade resiliente e pressão no mercado de trabalho.

Decisão de política monetária

  • Selic: Mantida em 15,00% a.a.
  • Estratégia: Política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta.
  • Comunicação: Cenário exige cautela; o Copom seguirá vigilante e poderá ajustar os passos futuros, inclusive retomar o ciclo de ajuste, se julgar apropriado.

Votação e membros

Decisão aprovada por: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Tabela de projeções (cenário de referência)

Índice de preços 2025 2026 2º tri 2027
IPCA 4,4% 3,5% 3,2%
IPCA livres 4,0% 3,6% 3,2%
IPCA administrados 5,3% 3,2% 3,4%
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O que é IPCA livre

O IPCA livre corresponde à parte do índice que mede a variação de preços dos itens não controlados pelo governo, ou seja, aqueles que são definidos pelo mercado.

De forma mais detalhada

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é o indicador oficial da inflação no Brasil, calculado pelo IBGE. Ele mede a variação de preços de uma cesta ampla de bens e serviços consumidos pelas famílias.

Dentro do IPCA, há uma divisão entre itens administrados e itens livres.

Itens administrados

Itens administrados são preços regulados ou fortemente influenciados por políticas públicas, como tarifas de energia elétrica, transporte público, combustíveis com controle estatal e planos de saúde.

Itens livres

Itens livres são os preços determinados pela dinâmica de oferta e demanda no mercado, sem regulação direta. Exemplos: alimentos, vestuário, serviços privados, bens de consumo em geral.

Por que essa separação importa

Essa separação é importante porque os preços administrados tendem a responder mais lentamente às condições econômicas, enquanto os preços livres refletem de forma mais imediata o comportamento da economia e da inflação.

👉 Em resumo: IPCA livre = inflação dos preços que variam conforme o mercado, sem intervenção direta do governo.