O Banco Santander (Brasil) S.A. divulgou seus resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25), consolidando uma trajetória de forte recuperação e execução estratégica consistente. Os números revelam um banco mais rentável, eficiente e com uma gestão de risco que começa a colher os frutos de uma política mais criteriosa. Nesta análise aprofundada, vamos mergulhar nos principais indicadores, desde o lucro líquido e a rentabilidade até a qualidade de suas receitas e o controle de custos, para entender o que está por trás do desempenho recente da instituição.
O indicador mais observado pelo mercado, o lucro líquido gerencial, atingiu R$ 4,0 bilhões no 3T25. Este é o resultado mais forte dos últimos cinco trimestres, representando um crescimento de 9,6% em relação ao trimestre anterior (QoQ) e de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado (YoY).
| Trimestre | Lucro Líquido Gerencial (R$ milhões) |
|---|---|
| 3T24 | 3.664 |
| 4T24 | 3.855 |
| 1T25 | 3.861 |
| 2T25 | 3.659 |
| 3T25 | 4.009 |
Mais importante do que o lucro absoluto é a eficiência com que ele é gerado. Para isso, olhamos o ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio). O Santander alcançou um ROAE de 17,5% no 3T25, um aumento de 1,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 0,5 ponto percentual em um ano.
| Trimestre | ROAE Gerencial (Anualizado) |
|---|---|
| 3T24 | 17,0% |
| 4T24 | 14,1%¹ |
| 1T25 | 17,4% |
| 2T25 | 16,4% |
| 3T25 | 17,5% |
¹ Excluindo eventos não recorrentes.
Análise: A combinação de um lucro líquido crescente com um ROAE em expansão sinaliza que o banco não está apenas crescendo, mas se tornando mais rentável. Essa melhora é um reflexo direto da execução bem-sucedida de sua estratégia, focada em disciplina na alocação de capital e eficiência operacional.
A margem financeira é a principal fonte de receita de um banco, representando a diferença entre o que ele ganha com empréstimos e o que paga em captações. No 3T25, a margem financeira bruta totalizou R$ 15,2 bilhões, uma leve queda de 1,2% no trimestre. No entanto, a análise precisa ser dividida em duas partes:
Esta é a parte mais importante e saudável do resultado. Atingiu R$ 16,6 bilhões, um crescimento consistente de 2,7% no trimestre e expressivos 11,1% no ano. Isso indica que o banco está conseguindo melhorar sua precificação de crédito, otimizar o custo de seus depósitos e aumentar o spread de suas operações. É o motor principal do banco funcionando a todo vapor.
Este componente, ligado às operações de tesouraria, registrou uma perda de R$ 1,35 bilhão. É um resultado volátil e sensível às flutuações da taxa de juros. O ponto-chave aqui é que, mesmo com essa perda significativa na tesouraria, a força da margem com clientes foi suficiente para manter o resultado total praticamente estável, o que demonstra a resiliência do negócio principal.
As comissões são um pilar fundamental para a estabilidade dos resultados. No 3T25, o Santander registrou R$ 5,5 bilhões em receitas de serviços, um aumento robusto de 6,7% no trimestre e 4,1% no ano. Os destaques foram:
Análise: O crescimento consistente das comissões é um sinal de sucesso na estratégia de "principalidade", ou seja, de ser o banco principal na vida do cliente. Além disso, torna o resultado do banco menos dependente do ciclo de crédito e das taxas de juros, agregando qualidade e previsibilidade aos lucros.
A Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) é a reserva que o banco faz para cobrir potenciais calotes. No 3T25, o resultado líquido de PDD foi de R$ 6,5 bilhões, uma queda de 4,9% no trimestre, sinalizando uma melhora.
O Custo de Crédito, que mede a PDD em relação à carteira total, ficou em 3,86%, praticamente estável em relação aos 3,90% do trimestre anterior.
| Trimestre | Resultado de PDD (R$ milhões) |
|---|---|
| 3T24 | (5.884) |
| 4T24 | (6.105)¹ |
| 1T25 | (6.390) |
| 2T25 | (6.862) |
| 3T25 | (6.524) |
Análise: A estabilização do custo de crédito, após um período de alta, é uma notícia positiva. O banco atribui esse resultado a uma política mais seletiva na concessão de crédito e a um bom desempenho na recuperação de créditos já baixados. Embora a inadimplência de longo prazo (acima de 90 dias) ainda esteja pressionada pelo cenário macroeconômico, a melhora nos indicadores de curto prazo (15 a 90 dias) sugere que a qualidade das novas "safras" de crédito é superior.
As despesas totais do banco permaneceram sob estrito controle, apresentando uma leve alta de 0,2% no trimestre e uma queda de 0,5% em 12 meses, desempenho bem abaixo da inflação. Esse controle rigoroso de custos resultou em uma melhora significativa no Índice de Eficiência, que caiu de 38,9% (3T24) para 37,5% (3T25).
Análise: Um índice de eficiência mais baixo significa que o banco gasta menos para gerar a mesma receita. A melhora contínua deste indicador é um dos principais fatores por trás da expansão do ROAE e demonstra o sucesso dos investimentos em tecnologia e otimização de processos.
Para avaliar como o mercado precifica a ação, calculamos o indicador Preço/Lucro (P/L), que mostra quantos anos de lucro seriam necessários para pagar o preço atual da ação.
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Preço da Unit (SANB11) | R$ 29,36 |
| Lucro por Unit (LTM) | R$ 4,12 |
| Indicador P/L | ~7,13 |
Análise:Com a cotação da Unit em R$ 29,36, o indicador P/L do Santander Brasil sobe para aproximadamente 7,13. Isso significa que o mercado agora está disposto a pagar R7,13 por cada 1,00 de lucro que o banco gerou nos últimos 12 meses. A alta no preço da ação, mantendo-se o mesmo lucro, indica uma melhora na percepção de valor por parte dos investidores ou uma expectativa de que os lucros futuros continuarão a crescer, tornando a ação mais "cara" em relação aos seus lucros atuais
Os resultados do 3º trimestre de 2025 pintam um quadro claro: o Santander Brasil está executando sua estratégia com disciplina e colhendo resultados positivos. A forte performance da margem com clientes e das comissões, aliada a um controle de custos exemplar, compensou a volatilidade da tesouraria e permitiu a expansão da rentabilidade. A estabilização do custo de crédito é um sinal encorajador para os próximos trimestres. A combinação de um ROAE em ascensão e um P/L relativamente baixo torna o Santander um caso interessante de análise para investidores que buscam empresas em trajetória de recuperação de valor.
Este relatório é uma análise baseada nas informações financeiras divulgadas publicamente pelo Banco Santander (Brasil) S.A. e não constitui recomendação de investimento.