O presente relatório técnico examina a dinâmica do mercado de crédito brasileiro, confirmando a **deterioração acentuada da qualidade do ativo (PF)**. Contudo, a análise projeta uma **divergência importante para o 3T25**, sugerindo que o **risco idiossincrático (gestão interna)** se sobrepõe ao risco sistêmico, diferenciando as expectativas para Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).
O 3T25 foi balizado pela manutenção da Selic em **15% ao ano**, uma política monetária estritamente contracionista. Esta persistência eleva o custo de captação dos bancos e pressiona a capacidade de pagamento dos tomadores. O dilema central é a expansão do NII (Margem Financeira) via spreads maiores, em contrapartida ao crescimento exponencial do **Custo de Risco (PDD)**, que vulnerabiliza o Lucro Líquido.
A inadimplência do crédito livre alcançou **5,4%** em setembro de 2025, com aumento de 1,0 p.p. em doze meses. O principal vetor de piora é o segmento de Pessoas Físicas (PF), cuja inadimplência atingiu **6,8%** (aumento de 1,3 p.p. a/a).
A expansão robusta da carteira de crédito familiar (+11,4% a/a) em um cenário de inadimplência acelerada (+1,3 p.p. a/a) sugere uma **expansão de risco**, expondo os bancos à **NPL Trap**.
Tabela 1: Indicadores Macroeconômicos de Crédito Brasil – Junho a Setembro de 2025
| Indicador | Setembro/2025 (Dado mais recente) | Variação Anual (p.p.) | Tendência Principal |
|---|---|---|---|
| Inadimplência Crédito Livre Total | 5,4% | +1,0 p.p. | Forte Deterioração |
| Inadimplência Crédito Livre Famílias | 6,8% | +1,3 p.p. | **Crítica / PF** |
| Comprometimento de Renda Famílias | 27,9% | +1,0 p.p. | Aumento Estrutural |
Em um cenário de inadimplência alta, a **gestão do PDD** é o principal fator de diferenciação do Lucro Líquido. O mercado projeta caminhos divergentes:
O NII do Bradesco é projetado para crescimento sequencial de **3%** (t/t), vital para compensar o Custo de Risco. No entanto, se o Custo de Risco crescer em ritmo superior, o NII elevado não será suficiente para garantir a rentabilidade.
O consenso projeta Lucro Líquido de **R$ 6,3 bilhões** (+21% a/a) e **ROAE em 14,9%**. Essa recuperação é sustentada pela estabilização do risco de crédito e pela expansão do NII. O Bradesco é visto como tendo passado pelo pico de provisão, o que **mitiga o viés negativo macroeconômico** devido à sua execução idiossincrática.
O Santander enfrenta expectativas mais desafiadoras com a projeção de **aumento nos NPLs de curto prazo** e consequente elevação do PDD, pressionando o Lucro Líquido e mantendo a rentabilidade ($\text{ROE}$ atual: $10,09\%$) sob pressão. O seu *valuation* em **$\text{P/VP}$ $0,89\text{x}$** reflete e valida essa cautela.
O Custo de Risco é o fator determinante do 3T25. A cautela geral é justificada, mas o impacto diverge:
Projetado para enfrentar **aumento de NPLs e PDD**. O risco é imediato e agudo, confirmando o viés negativo de curto prazo e o desconto no *valuation*.
Projeta **estabilização do NPL e crescimento do Lucro Líquido/ROE**. A gestão interna está neutralizando o risco macro, posicionando o papel para um potencial *upside* de reavaliação.
Tabela 2: Projeções Consolidadas (Consenso) 3T25 para BBDC4 e SANB11
| Métrica (3T25) | Bradesco (BBDC4) – Projeção | Santander (SANB11) – Projeção | Tendência Implícita de Risco |
|---|---|---|---|
| Lucro Líquido | R$ 6.3 Bilhões (Aprox.) | Pressionado | BBDC4 em Recuperação |
| Expectativa de NPLs (Curto Prazo) | Estável (Stage 3: 7.9%) | Aumento de NPLs de Curto Prazo | Risco Concentrado no Santander |
| Custo de Risco / PDD | Estável a Controlado | Elevado (Aumento de Provisões) | SANB11 Sob Pressão de PDD |